Ter que, ter de, dever e precisar: uma análise variacionista da expressão da obrigação no discurso oral | Autores: Tarsila Machado Pinto (UFES - Universidade Federal do Espírito Santo) |
Resumo: Com base nos pressupostos da Teoria da Variação e Mudança Linguística (LABOV, 2008 [1972]; WEINREICH; LABOV; HERZOG, 2006), o presente trabalho tem como objetivo analisar a variação entre as construções ter que, ter de, dever + infinitivo e precisar + infinitivo. Em expressões que indicam obrigatoriedade, essas formas representam variantes e configuram um continuum entre as modalidades deôntica (em casos de obrigações que indicam atitudes) e epistêmica (em casos de avaliações que envolvem obrigações). Utilizamos como corpus as 46 entrevistas do projeto Português falado na cidade de Vitória (PortVix) e buscamos observar a atuação de variáveis linguísticas (tipo de obrigação, dimensão da obrigação, paralelismo e tempo verbal) e sociais (sexo, faixa etária e grau de escolaridade) no uso de cada uma das variantes. O tratamento estatístico dos dados codificados foi realizado por meio do programa computacional GoldVarb X (SANKOFF; TAGLIAMONTE; SMITH, 2005). De acordo com os resultados obtidos, percebemos que a forma ter que constitui cerca de 99% dos usos relativos à expressão de obrigação e que os poucos dados encontrados das demais formas verbais estão majoritariamente presentes na fala de pessoas mais velhas. Além da apresentação dos resultados associados às variáveis independentes controladas, pretendemos realizar uma discussão a respeito da similaridade do valor de verdade das quatro variantes, partindo dos apontamentos feitos por Lavandera (1978).
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