A leitura é uma prática (CHARTIER, 1988) e, para que o sujeito se torne leitor, é necessário que ele dela se aproprie. Trabalhando com a formação de professores de Língua Portuguesa e de Literatura no curso de Licenciatura em Letras e de professores alfabetizadores no curso de Pedagogia (ambos na FE-USP) ao longo do ano de 2015, e com a formação de professores de Língua Portuguesa e de Literatura na Licenciatura em Linguagens e Códigos e suas Tecnologias (UFSB) ao longo de 2016 e 2017, foi possível coletar memoriais de leitura propostos aos estudantes como um exercício autobiográfico de reflexão sobre a aprendizagem e as representações construídas sobre essa prática. Tratou-se de uma proposta de autodescrição (BRUNER; WEISSER, 1995), a partir da qual o caráter interpretativo e de reconstrução da memória pode ser explicitado. Para Bruner e Weisser (1995, p. 149), “a função última da autobiografia é a autolocalização, o resultado de um ato de navegação que fixa a posição em um sentido mais virtual que real”, por meio do qual o sujeito pode se situar no mundo simbólico da cultura, identificando-se com uma família, com uma comunidade, construindo um sentido para sua existência. Por meio da análise desses memoriais, acreditamos ser possível identificar/construir categorias de sujeitos leitores a partir de suas relações com os livros e experiências de leitura relatadas. Assim, a presente comunicação pretende apresentar categorias de sujeitos leitores, identificando seus desejos de leitura, seus prazeres com a leitura, suas memórias de livros infantis e juvenis, as relações destas leituras com a formação desses sujeitos leitores. Tal pesquisa encontra-se em desenvolvimento em âmbito interinstitucional, dentro do Grupo de Pesquisa Linguagens na Educação (FE-USP), com participantes desta universidade e, dentro do Grupo de Pesquisa Sociedade, Educação e Universidade, da UFSB.