Mikhail M. Bakhtin, hoje considerado um dos principais pensadores do século XX, esboçou entre 1920 e 1924 uma filosofia do ato responsável que dialoga com uma multiplicidade de filósofos, de Aristóteles a autores do século XX e, sendo fruto de sua época, traz não obstante propostas originalíssimas sobre o ser no mundo dos sujeitos humanos. Sua proposta é conhecida como filosofia do ato, a partir do título dado pelo edito russo a um de seus primeiros escritos (encontrado fragmentado e não preparado para publicação. O foco dessa filosofia é a unidade do ato: as condições em que acontece sua realização pelo sujeito, uma concepção que tem ecos em outras obras do autor. Este trabalho busca apresentar resumidamente os resultados de uma pesquisa de pós-doutorado sobre Para uma Filosofia do Ato que visou identificar suas ressonâncias da obra de Bakhtin. O trabalho redundou na elaboração de um texto explicativo sobre aspectos vitais do livro. Esse texto está voltado para um duplo objetivo: facilitar a leitura do texto de Para uma Filosofia do Ato, que é denso e extremamente dialogado, repetitivo no tratamento de ideias centrais (inclusive com referências, raramente explícitas, a diversas filosofias e filósofos) e, por vezes, exigente, e demonstrar que o livro pode ser visto como um programa/mapa/projeto relativo a propostas ulteriores, e que, portanto, partindo-se dele, pode-se ter uma boa base para entender outras obras de Bakhtin (e mesmo de Medvedev e Voloshinov). O roteiro de leitura resultante foi elaborado com base em três níveis de leitura de Para uma Filosofia do Ato: um nível panorâmico, que dá indicações gerais sobre o livro; um nível analítico, que amplia o primeiro ao ir além da linearidade do texto e buscar suas interrelações; e um nível sintético, de discussão propriamente dita.