A Emergência do Não-Marcado: Processos de Queda no Caboverdiano | Autores: Ulisdete Rodrigues de Souza Rodrigues (UNB - Universidade de Brasília) |
Resumo: Esta comunicação tratará dos processos fonológicos conhecidos na literatura linguística como aférese, síncope e apócope ou, simplesmente, processos de queda. Tais processos mostraram-se produtivos na passagem do Português Europeu para o Caboverdiano e, por conseguinte, entre as variedades caboverdianas do sul e do norte do Arquipélago. Na maioria dos casos, tais processos resultaram na emergência da sílaba ótima CV. Por essa razão, a pergunta-chave elaborada para a presente investigação tem dupla extensão: o que ocasiona a retirada de segmentos na estrutura silábica de uma língua ou variedade e até que ponto esse processo dificulta ou facilita a emergência da estrutura canônica CV? No caminho de resposta a essa(s) pergunta(s), o objetivo central é apresentar e descrever ocorrências desses processos de queda, bem como analisá-los por meio do aparato teórico-metodológico do modelo fonológico gerativo denominado Teoria da Otimidade (OT). Essa teoria, iniciada por Prince & Smolensky (1991, 1993), prediz fonologia ancorada em restrições ou condições de boa formação para segmentos e estruturas linguísticas, buscando determinar e caracterizar propriedades universais da linguagem compartilhadas pelas línguas, bem como limites possíveis de variação entre as línguas naturais. Os dados de base para o estudo foram extraídos da pesquisa de campo de Rodrigues (2007) nas ilhas de Cabo Verde. Constituem referências básicas para este trabalho: Golsmith (1990), Prince & Smolensky (1991, 1993), Archangeli (1997) e Rodrigues (2007; 2010). A conclusão alcançada é a de que os processos de queda confirmam a emergência do não-marcado, ou seja, da estrutura silábica CV no Caboverdiano e de que a eficiência da hierarquia e interação de restrições atuantes no sistema fonotático dessa língua pode ser demonstrada pela Teoria da Otimidade.
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