A proposta deste trabalho é investigar o processo de (re) categorização do conceito de trabalho no discurso jornalístico, mais especificamente na mídia impressa. Para tanto, utilizamos como quadro teórico as discussões desenvolvidas em Fairclough (1998; 2001), bem como as reflexões de Van Dijk (2010; 2012), em sua abordagem sociocognitiva do discurso. Além disso, recorremos, ainda, aos estudos elaborados por Koch (2001; 2004; 2005) e Marcuschi (2002; 2004; 2005) sobre o processo de (re) categorização linguística através de expressões nominais anafóricas. O corpus deste trabalho é constituído por 342 publicações veiculadas na Folha de S. Paulo (FSP) impressa, entre os dias 24 de dezembro de 2016 e 24 de agosto de 2017. Foi definido esse recorte temporal, pois ele compreende a apresentação, aprovação e recepção do Projeto de Lei n° 6787/2016, mais conhecido como Reforma Trabalhista, que alterou uma série de artigos da Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT) e da Lei n° 6019/1974, sobre diversos pontos, como acordos trabalhistas, férias e representação de trabalhadores em local de trabalho. Salientamos que esta investigação constitui um recorte de uma dissertação de mestrado cujos resultados apontam que as expressões e os itens lexicais utilizados na (re) categorização do conceito de trabalho, na Folha de S. Paulo, operam no encobrimento das relações desiguais de poder entre empregador e empregado. Além disso, observamos que a progressão referencial anafórica, em textos do mesmo periódico, atua na construção de um conceito específico de trabalho, de modo que a nova legislação que rege as relações laborais é categorizada como uma “modernização” da CLT.