ARTICULAÇÕES ENTRE DISCURSO, HISTÓRIA E MEMÓRIA EM “SANGRIA”, DE LUIZA ROMÃO | Autores: Antônio Fernandes Júnior (UFG - UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIAS) |
Resumo: Ao longo de sua trajetória de pesquisa e de estudos, e em sintonia com os historiadores da Nova História, Michel Foucault pesquisou documentos de natureza diversa, deslocando-se da indicação dos grandes acontecimentos e/ou marcos comemorativos, comuns à História Tradicional, para acolher e pesquisar a vida “dos homens infames”. Ao problematizar o conceito de sujeito e discutir os processos de subjetivação, numa perspectiva histórica, esse autor abandona a ideia de sujeito como centro e/ou universalidade para refletir sobre formas de sujeito plurais e até marginais. Dentre os percursos adotados por Michel Foucault, encontramos uma oportunidade singular de refletir sobre a construção histórica da(s) verdade(s) no ocidente, considerando que as mesmas não são evidentes em si mesmas! As “vontades de verdade” são construções discursivas, históricas e sociais. Elas atravessam os sujeitos e os constituem, seja nos discursos da ficção, da mídia ou da vida social. Nesse sentido e seguindo as orientações desse autor, pretende-se, com este trabalho, discutir a interface entre discurso, história e memória na obra “Sangria”, de Luiza Romão (2017), cuja proposta estética, problematiza, do ponto de vista feminista, outras formas de (re) pensar o lugar das mulheres em diferentes momentos da história do Brasil. Essa autora, ao assumir um discurso poético de resistência, desnuda o funcionamento das relações de poder em relação ao (não) lugar ocupado pelas mulheres na atualidade, cujo lastro histórico, remonta ao período colonial. Segundo Foucault, para se estudar as relações de poder deve-se partir das resistências, pois são elas que nos indicarão como o poder funciona e de onde ele parte. É a partir dessa indicação que pretendemos analisar a obra supracitada, observando como os elementos estéticos e políticos, materializados no discurso do livro “Sangria”, adotam estratégias de resistência frente às relações de poder que, ainda, incidem sobre os corpos das mulheres.
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