Este trabalho busca investigar aspectos autobiográficos presentes na obra O Oceano no fim do caminho (2013), do escritor britânico Neil Gaiman, que foi escrito com uma motivação especial, porque, como se lê na dedicatória, Amanda Palmer, sua segunda esposa, quis saber sobre a infância do autor. No livro, o narrador, personagem de 40 anos que nunca é nomeado, vai a um funeral e resolve dar uma escapada das tradições e exigências sociais. Sai para uma volta de carro e acaba na vizinhança que fez parte da sua infância. Lembra-se de quando tinha sete anos, momento em que os pais passavam por problemas econômicos e passaram a alugar o quarto do alto da escada, o quarto que era dele e que tinha as coisas que ele gostava.  Buscou-se identificar as possíveis relações entre o personagem/narrador e o autor contemporâneo que, através da narrativa, ora se aproximam, ora se distanciam, permitindo um novo olhar e uma mescla entre o real e o ficcional, figurando uma espécie de duplo, capaz de rasurar as fronteiras entre o gênero literário ficcional e a autobiografia. A fundamentação teórica está baseada, principalmente, nos trabalhos de Tzvetan Todorov (2014), Harley Campbell (2014), Jean Paul Sartre (1968) e Farah Mendlesohn (2008).