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Simpósio Mundial de Estudos de Língua Portuguesa
Resumo


É sempre tempo de ser/constituir-se em sujeito: por uma análise da construção da subjetividade da personagem Chiara no filme "O Vazio de Domingo" (2018)

Autores:
Vinícius Durval Dorne (UFU - Universidade Federal de Uberlândia)

Resumo:

O filósofo francês Michel Foucault, em suas últimas reflexões, convida-nos a olhar paras as formas/práticas de como se dá o cuidado de si pelos próprios sujeitos nos planos da ética e da estética. Nesta proposta de uma dada ética e estética da existência, caberia observar como os sujeitos se constituem em/como sujeitos no cotidiano, suas formas de vida, a partir de práticas (não) discursivas. Amparado nesta proposta, neste trabalho, proponho analisar discursivamente o filme “O Vazio de Domingo” (no original, “La Enfermedad del Domingo”) – película espanhola de 2018, dirigida por Ramón Salazar –, questionando especificamente como a personagem Chiara (interpretada por Bárbara Lennie) se constitui como sujeito de/em/para si nas relações estabelecidas e construídas com a própria mãe. Abandonada pela genitora ainda criança, a personagem decide procurá-la após 30 anos, com um convite nada convencional e inesperado: que, por 10 dias, as duas permaneçam juntas em um lugar afastado. Desta forma, a presente pesquisa interroga como o sujeito Chiara (não) consegue desenvolver uma certa prática de si com o intuito de constituir-se como produtora/responsável da/pela própria vida; ou seja, como frente aos jogos e exercícios de poder, em dado campo de existência, busca (re)significar suas ações, comportamentos e decisões para (re)conhecer-se como sujeito. Se a estética da existência é um convite a pensar as maneiras pelas quais os sujeitos realizam essa dobra/retorno a si, buscamos compreender “como” e “se” Chiara consegue construir para si uma (outra) forma de vida, num jogo de tensões com os mecanismos e formas de constrangimento e de controle sociais para se viver e existir.