A obra de Lima Barreto se encontra intrinsecamente relacionada  ao momento histórico em que se insere, de profundas modificações implementadas no espaço urbano da cidade do Rio de Janeiro, no início do século XX. O Bota-Abaixo do prefeito Pereira Passos, ao alterar a geografia da cidade, modificou  também suas estruturas sociais e culturais. Paralelo a isso, a imprensa como espaço de poder se solidificava, em sintonia com a modernização espacial. Em Recordações do escrivão Isaías Caminha, primeiro romance publicado por Lima Barreto, o autor nos mostra de que forma a transformação física, espacial da cidade do Rio de Janeiro esteve atrelada ao desenvolvimento da imprensa como um poder paralelo na estrutura social que se modernizava. Desse modo, história, cultura e literatura fazem uma confluência, com a última sendo um registro contemporâneo das alterações das duas primeiras. Nesse sentido, o autor pré-modernista se apresenta como um escritor mergulhado em sua época, registrando a história em seu processo de construção. Pretende-se analisar, a partir dessa perspectiva, o romance citado tendo em vista a dinâmica entre a história em curso e a influência da imprensa na configuração da sociedade moderna que se constituía no início do século XX, partindo de episódios específicos da narrativa.