O Português como língua de herança (POLH) tem sido tema recorrente de vários pesquisadores da área da linguagem. Sua investigação ocorre, comumente, em contextos onde há um número significativo de imigrantes brasileiros, tais como E.U.A, Alemanha, Suíça, Inglaterra e outros países da Europa. Este artigo foi elaborado a partir de um recorte da minha dissertação que tratou sobre as crenças e ações de mães brasileiras imigrantes no Japão acerca do POLH. As participantes têm seus filhos matriculados em um curso de português como LH na região de Kansai, Japão, e exercem um protagonismo considerável quando do planejamento linguístico familiar. O aporte teórico da linguística aplicada que possibilitou a investigação foi o de língua de herança (LH) (VALDÉS, 2001; VAN DEUSEN-SCHOLL, 2003; CARRERA, 2004; CUMMINS, 2005, 2014; POLINSKY; KAGAN, 2007; ARAVOSSITAS 2014; FLORES; PFEIFER, 2014; KELLEHER, 2015), bem como do POLH (MOTA, 2004; LICO, 2011; MENDES, 2012; SOUZA; BARRADAS, 2013; ORTIZ, 2014; MORONI; GOMES, 2015), e também da pesquisa em política linguística familiar (PLF) (KING; FOGLE; LOGAN-TERRY, 2008; SPOLSKY, 2004, 2012; SOUZA, 2015). Além do aporte metodológico de diversos autores da pesquisa qualitativa (DUFF, 2002; FLICK, 2004; CHIZZOTTI, 2006) de caráter interpretativista (WATSON-GEGEO, 1998; LUDKE; ANDRE, 1986) possibilitada pela interpretação contextual de investigação em crenças (BARCELOS, 2001; ABRAHÃO, 2006) acondicionada pelo estudo de caso (ANDRÉ, 1994; STAKE, 1994; YIN, 2002) lançando mão dos seguintes instrumentos de coleta de dados: a) observação direta e nota de campo, b) entrevista semiestruturada e c) questionário misto. Tratarei neste artigo da relação entre a política linguística familiar e o ensino-aprendizagem de POLH no Japão, especificamente na região de Kansai, a fim de compreender as ações exercidas pelas famílias brasileiras na escolarização de seus filhos contribui para o desenvolvimento e ou promoção do POLH.