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Simpósio Mundial de Estudos de Língua Portuguesa
Resumo


O SE-locutor no universo jornalístico: o uso da voz coletiva na reportagem e na charge

Autores:
Erivaldo Pereira do Nascimento (UFPB - Universidade Federal da Paraíba)

Resumo:

Este trabalho objetiva apresentar os resultados de uma investigação que tem por objetivo descrever o fenômeno polifônico do SE-locutor, ou ON-Locuteur/OMNI-Locutor, em dois gêneros do universo jornalístico: a charge e a reportagem, como fenômenos indicadores de argumentatividade, ou seja,  verificando como a subjetividade se processa nos referidos gêneros por meio de uma voz coletiva e anônima evocada nos enunciados pelo locutor responsável pelo discurso (L1).  Descrevemos, nas análises, os efeitos de sentido gerados a partir do emprego de algumas expressões, como marcadores mediativos genéricos, além de frases genéricas e formas sentenciosas, entre outras expressões que representam o ponto de vista de uma comunidade linguística diante ou a partir da qual L1 se posiciona. Este estudo é de natureza qualitativa, de caráter descritivo e interpretativista e o corpus é constituído por 20 charges e 10 reportagens publicadas entre os anos de 2016 a 2018, em portais de revistas e jornais brasileiros. A investigação é conduzida com base na Teoria da Argumentação na Língua (TAL), desenvolvida por Ducrot e colaboradores (1977, 1987, 1988, 1994), em especial a partir das noções de polifonia e de impessoalidade, fundamentais para a compreensão do fenômeno SE-Locutor, investigado por Anscombre (2005, 2010, 2014). As análises seguem também a ótica de Nascimento (2005, 2009, 2012, 2014, 2015) que estuda a evocação da palavra alheia e posicionamentos do locutor perante o dito. Os resultados mostram que o locutor responsável pela charge e pela reportagem (L1), ao trazer o SE-Locutor para o interior do enunciado, evoca vozes coletivas que fundamentam um determinado ponto de vista sobre o dito. Essas vozes coletivas, ao serem evocadas, ora são assimiladas por L1, ora são objeto de refutação ou ironia. Ao assumir determinados posicionamentos sobre a voz coletiva (SE-locutor), L1 não somente imprime subjetividade, como também orienta seu discurso em razão de determinadas conclusões.