A dificuldade de leitura e interpretação textual é um grave problema educacional nas escolas brasileiras e trata-se de uma deficiência base para outros problemas, uma vez que o aluno que não consegue ler um texto, compreendê-lo e interpretá-lo criticamente acaba prejudicado em todas as áreas do conhecimento, pois leitura e interpretação são a base de qualquer componente curricular.

Ocorre que nosso alunado, em sua maioria, demonstra uma grande defasagem na leitura e compreensão de textos, e quando esses textos se apresentam em mais de uma modalidade discursiva, (multimodais) surgem outras questões, como a relação entre o verbal e o imagético, que precisa ser levada em conta para a construção de sentidos.

A multimodalidade textual demanda uma necessidade de mudança nas práticas de ensino de língua portuguesa que, muitas vezes, mantêm uma metodologia tradicional, considerando apenas o texto básico, verbal, o que não corresponde à linguagem utilizada nas práticas sociais atuais, permeada por imagens, gráficos, cores, etc.

Nossa pesquisa busca analisar como se dá o processo de ensino/aprendizagem de leitura de textos multimodais no ensino médio, usando como exemplo as charges e as tirinhas. Buscamos compreender que mecanismos cognitivos e metacognitivos são acionados pelo leitor para a construção de sentido nessas leituras. Para tal, vamos analisar as competências de leitura necessárias para a produção de sentidos de textos multimodais; pretendemos identificar as dificuldades dos alunos na compreensão de charges e tirinhas por meio de uma sequência didática desenvolvida com alunos do 1º ano do ensino médio de uma escola pública em Barueri/SP; e também comparar as diferenças entre a leitura de textos multimodais e textos restritamente verbais, de que maneira o leitor interage com os dois tipos de texto. Essas ações serão realizadas no 1º semestre de 2019 e os dados coletados serão analisados e constituirão o corpus principal desse estudo.