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Simpósio Mundial de Estudos de Língua Portuguesa
Resumo


Contar histórias: simulacro, interdisciplinaridade e práticas sociais além dos muros da escola

Autores:
Anderson da Silva Ribeiro (UERJ - Universidade do Estado do Rio de Janeiro)

Resumo:

O objetivo da apresentação, com base em resultados de minha tese de doutorado, é discutir e redimensionar o conceito de permanência dos contos de tradição oral, materializado nas narrativas contemporâneas por meio da prática do reconto. Pretende-se, para tal, explorar as noções de voz, vocalidade, escuta, performance (Cf. ZUMTHOR, 2001), responsáveis por construir o histórico das oralidades em um conntinuum com a escrita. A abordagem se inscreve em um paradigma qualitativo-interpretativista e compreende, do ponto de vista teórico, os estudos sobre falas-em-interação da sociologia interacional e da antropologia do sistema simbólico e cultural. O corpus, centrado na etnografia, constitui-se de relatos de mulheres-bordadeiras e resume-se em gravações de vídeo e som, além de anotações do caderno de campo. Para dar conta do fenômeno cultural da permanência, foram realizadas entrevistas, geradoras de relatos e/ ou recontos, como ponto de partida para a imersão na memória afetiva dos sujeitos da pesquisa. As entrevistas compreenderam: (1) histórias ouvidas – como primeiro movimento, as mulheres escolheram as histórias sabidas de cor; (2) histórias contadas: o outro ponto da permanência das narrativas de tradição oral quando as Bordadeiras foram convidadas a contar. De forma mais efetiva, as entrevistadas assumiram o papel de contadoras de histórias. Na análise, foram considerados dois recursos geradores da permanência: a intertextualidade e a paráfrase. A análise do discurso das Bordadeiras foi cogitada sem que as mulheres tivessem posse do texto-base, diferente de uma interlocução oral em que a paráfrase é uma réplica direta do enunciado anterior atribuído ao co-enunciador. Para verificar a permanência, foi preciso migrar da visão mais estrutural ou distributiva de Hilgert (2015; 2002a; 2002b; 1999; 1989) e encampar o viés da paráfrase enunciativa de Fuchs (1994; 1985; 1982), cujo nível de abordagem está centrado no grau de interpretação de um dado texto lido/ ouvido em momento anterior.