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Simpósio Mundial de Estudos de Língua Portuguesa
Resumo


O que a língua revela sobre as propostas para educação pública de um candidato à presidência que nunca entrou em uma escola?

Autores:
Márcio Battisti (UPF - Universidade de Passo Fundo)

Resumo:

Neste trabalho, desenvolvo uma reflexão sobre o ensino de língua portuguesa nas escolas, tomando o ensino de texto como elemento fundamental para formação de um pensamento proativo que possa revelar um posicionamento crítico sobre a própria condição da educação pública brasileira. É somente por meio do ensino do texto enquanto discurso que os alunos serão capazes de avaliar, julgar e questionar medidas propostas pelo governo para a educação básica. Para isso, desenvolverei uma análise enunciativa das propostas para a educação feitas pelo candidato à presidência Jair Bolsonaro durante as eleições de 2018. Nas poucas vezes em que se dispôs a falar sobre educação, o candidato propôs o ensino à distância, inclusive para o nível fundamental. Além disso, o presidenciável sugeriu a possibilidade das crianças e adolescentes serem educadas em casa, pois, segundo ele, isso “ajudará a combater o marxismo”. Para desenvolver essa análise, amparo-me na teoria da enunciação, descrita por Emile Benveniste, em seus Problemas de linguística Geral I e II (2006), mais especificamente no texto Estrutura da língua e estrutura da sociedade, escrito em 1968. É em Benveniste que encontro os preceitos teóricos fundamentais para entender a relação linguagem/sociedade e a relação linguagem/cultura, isso porque, segundo a teoria Benvenistiana, a língua contém a sociedade.