Complexidade enunciativa: relação eu/outro em Memórias da Emília | Autores: Aline Suelen Santos (UNESP - Universidade Estadual Paulista ) |
Resumo: Assumimos, neste trabalho, que é na e pela linguagem que o homem se narra, diz, enuncia, ou seja, coloca em circulação uma subjetividade que emerge numa complexidade enunciativa. Assim, o presente trabalho buscou descrever em que planos dessa complexidade enunciativa a relação eu/outro se mostra representada no trânsito do escrevente por práticas de oralidade e de letramento. Partimos da hipótese de que essa relação é marcada por uma rede complexa de enunciações que se mostraria representada em planos enunciativos. Assim, como ponto de partida para descrição desses planos, fundamentamos essa proposta aludindo às formas explícitas da heterogeneidade (AUTHIER-REVUZ, 2004) com as quais essa relação se mostra. Para descrição desses planos recorremos, ainda, aos enunciados que compõem a escrita Memórias da Emília (1969), de Monteiro Lobato, aqui compreendida como acabamento absoluto do enunciado concreto (BAKHITIN, 1979). Uma prévia dos resultados mostrou uma diversidade de planos enunciativos, supostamente organizados por um locutor, o narrador, que simula relações dialógicas construídas como enunciadas por interlocutores. Esses interlocutores, por sua vez, desempenham, simultaneamente, múltiplos e entrecruzados papéis nessas relações. Dito de outro modo, os resultados apontam para uma heterogeneidade das formas de como o locutor se mostra representado e representa seu interlocutor, ou seja, apontam para a complexidade enunciativa constitutiva do dizer.
Agência de fomento: CAPES |
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