A aprendizagem da língua portuguesa por alunos surdos tem preocupado professores, principalmente pelo fato de que, diferentemente dos ouvintes, os surdos geralmente chegam à escola com, no máximo, fragmentos da Língua Portuguesa. Com base nestes fragmentos, iniciam o processo de aprendizagem da Língua Portuguesa. No ensino da Língua Portuguesa para surdos predominou por muitos anos a concepção de língua como código. Como resultado, a maioria dos alunos conseguia codificar e decodificar os símbolos gráficos, mas poucos eram os que conseguiam atribuir sentido ao que liam e produzir sentido na escrita. Nos últimos anos, a adoção da concepção de língua como atividade discursiva e o reconhecimento de que a Língua de Sinais tem papel fundamental na aprendizagem dos alunos surdos têm mostrado que, embora dificulte, a surdez não impede a aprendizagem da Língua Portuguesa. Como parte de uma pesquisa maior, este trabalho tem como objetivo analisar o processo de aprendizagem da Língua Portuguesa por adolescentes surdos, alunos de oficinas de leitura e escrita, oferecidas por uma escola bilíngue em São Paulo. Para proceder à análise, foram selecionadas e analisadas produções escritas elaboradas por três adolescentes surdos ao longo dos três anos em que participaram das oficinas. Os resultados evidenciaram que, quando expostos a práticas discursivas em Língua Portuguesa, mediadas pela Língua Brasileira de Sinais, todos os sujeitos apresentaram avanços na aprendizagem da Língua Portuguesa escrita.