Este trabalho se propõe a investigar fenômenos fonológicos em documentos oitocentistas do Arquivo Histórico Municipal de Rio Pardo, na região central do Rio Grande do Sul. De acordo com Coutinho (1976), na passagem do latim para as línguas românicas, as palavras sofreram modificações fonéticas (metaplasmos), que podem também ser evidenciadas em uma mesma língua em épocas distanciadas. Nesse caso, aludimos ao princípio do uniformitarismo de Labov (1972), segundo o qual mudanças ocorridas no passado podem vir a acontecer no presente, o que justificaria a necessidade de estudarmos os fenômenos linguísticos do passado para melhor explicá-los no presente. Uma vez que não há gravações da língua portuguesa em tempos pretéritos, os registros escritos tornam-se a fonte para o estudo da mudança do som, pois podem refletir fenômenos da fala de períodos anteriores da língua (MONARETTO, 2005). Desse modo, neste trabalho percorremos o rastro fonológico em manuscritos oitocentistas que compõem o Códice Geral de 1812 do AHMRP, a fim de descrever a ocorrência de fenômenos fonológicos de acordo com o tipo documental, pois as características da oralidade podem se tornar aparentes em textos oficias, dependendo do tipo de registro (ESTEBAN-SEGURA, 2012, p. 146). Metodologicamente, os documentos fotografados (edição fac-similar) são transcritos em edição diplomática, segundo as normas de Cambraia (2005). A partir das edições, realizamos o levantamento de fenômenos a partir de Coutinho (1976), a saber: assimilação e dissimilação vocálica, prótese, metátese, dentre outros, consoante à tipologia documental. Os resultados preliminares indicam a maior ocorrência de fenômenos fonológicos no âmbito do sistema vocálico. Por fim, esperamos, com esse trabalho, contribuir com a descrição da língua portuguesa do Brasil em estágios passados, sobretudo da região central do Rio Grande do Sul.