O fenômeno da reduplicação consiste em um processo morfológico, o qual pode envolver estratégias tanto derivacionais quanto flexionais, e que tem como objetivo a formação de novas palavras através da repetição de material fonológico de uma base. Para ser considerado como produtivo, o processo deve implicar necessariamente na formação de palavras com conteúdo semântico diferente do de seus componentes. Enquanto alguns autores consideram o fenômeno como um processo secundário de formação de palavras, outros destacam seu papel como importante estratégia de significação linguística nas mais variadas línguas, tanto orais quanto visuais/gestuais.
O objetivo deste trabalho é reforçar a importância do estudo e sistematização da reduplicação nas diferentes línguas, inclusive para a definição de tipologias linguísticas e tendências universais, não como um processo secundário de formação de palavras, mas sim como um recurso de grande relevância para as diversas línguas, de diferentes origens, capaz de evidenciar o uso criativo da linguagem.
Para isso, demonstra-se, através de uma abordagem tipológica-funcional, como o fenômeno se apresenta tanto no português quanto na Libras e em duas línguas indígenas de diferentes famílias linguísticas: o Jarawara, da família Arawá, e o Oro Waram, da família Txapakura.
O que se observa é que, mesmo que em diferentes níveis, a reduplicação apresenta grande relevância linguística tanto para as línguas indígenas analisadas quanto para o português e a Libras, possibilitando aos falantes uma comunicação efetiva de forma criativa e contribuindo para o desenvolvimento de tais línguas.