Orações prefaciadas por mas no português lusófono sob a perspectiva da Gramática Discursivo-Funcional | Autores: Talita Storti Garcia (UNESP - Universidade Estadual Paulista) |
Resumo: O objetivo deste trabalho é investigar, sob a perspectiva da Gramática Discursivo-Funcional, as propriedades funcionais das orações introduzidas por mas no português lusófono. Considerada a conjunção prototípica na expressão da adversidade (NEVES, 2006; PEZATTI; LONGHIN-THOMAZI, 2008) e a única mencionada por Dik (1997) nos casos de coordenação adversativa, mas pode introduzir, de acordo com Longhin, Pezatti, Novaes-Marques (inédito), sintagmas, orações simples e complexas e até porções maiores de texto. Os resultados deste estudo mostram, no entanto, que os contextos oracionais introduzidos por mas atuam nas camadas mais altas do Nível Interpessoal do modelo. Esse juntor pode atuar entre dois Atos Discursivos, sendo um Nuclear (Ai) e outro Subsidiário (Aj), como exemplificado em: nós saímos da cidade de Saurimo, que é uma cidade pequenina, mas onde existem, neste momento, vinte ou trinta mil desem[...], eh, desempregados (Ang97:A Guerra e o Ambiente). Nesse caso, mas indica contraposição, contraste, negação do que foi dito anteriormente, o que caracteriza a função retórica concessão, em que o primeiro Ato Discursivo é o Subsidiário e o segundo, o Nuclear. Os dados revelam ainda uma relação de contraste entre porções discursivas, o que caracteriza relações entre Movimentos. Observa-se também que mas pode atuar como operador de Atos ou de Movimentos, quando deixa de relacionar dois elementos no esquema A, conjunção –B e passa a apresentar outros papéis. O universo de investigação consiste no córpus “Português oral”, desenvolvido no âmbito do Projeto “Português Falado: Variedades Geográficas e Sociais”, que traz amostragens de variedades do português falado em Portugal, no Brasil, nos países africanos de língua oficial portuguesa e em Macau.
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