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Simpósio Mundial de Estudos de Língua Portuguesa
Resumo


ANÁLISE DOS DISCURSOS DE RESISTÊNCIA, MATERIALIZADOS NA REPORTAGEM O ABORTO NÃO É CRIME PELA MARIE CLAIRE

Autores:
Bianca Ayala Melo Di Alencar (LEFGO - LABORATÓRIO DE ESTUDOS FOUCAULTIANOS DE CA - Universidade Federal de Goiás)

Resumo:

Esta comunicação constitui um trabalho sobre o estudo do tema aborto no Brasil. Objetiva-se analisar e discutir a retomada desse tema após um substitutivo ao texto que trata da ampliação do direito à licença-maternidade caso o bebê venha nascer prematuro. A alteração propõe a salvaguarda dos direitos do nascituro desde a concepção, o que propiciou acaloradas discussões, dado que há casos em que o aborto é permitido por lei. Reagiram vários seguimentos da sociedade, como o da União Brasileira de Mulheres, ao argumento de que isso daria margem à criminalização dos casos autorizados legalmente. Essa reatividade produziu muitos discursos, cada qual gerando acontecimentos e verdades sobre o tema. Para este trabalho, selecionamos a reportagem veiculada pela revista Marie Claire (março/2018), que se intitula “Aborto não é crime”. Os ditos ali materializados assumem um discurso de resistência tanto ao texto do Código Penal quanto ao substitutivo da proposta de lei supracitada. A fim de analisarmos essas posições-sujeito e as verdades postas em jogo no e pelos discursos, valeremos do aporte teórico oriundo das formulações do filósofo Michel Foucault, para problematizarmos esse tema cotidiano e atual, cujas verdades, construídas pelos discursos, produzem corpos e subjetividades. As análises terão como ponto de partida o conceito de resistência ensinado pelo filósofo. Para pensar os conceitos de discurso, poder e resistência, encontramos formulações teóricas delineadas pelo filósofo no texto “Sujeito e Poder”, quando ele aponta que as relações de poder podem ser pensadas a partir da análise das resistências. Encontramos também respaldo teórico na obra Microfísica do Poder (2001). Metodologicamente, analisaremos os enunciados materializados na reportagem, estabelecendo as séries enunciativas e as regularidades encontradas nos depoimentos das mulheres entrevistadas e que se posicionaram a favor do aborto. Pretendemos verificar que tipo de resistências se constrói no material analisado e a quê esses discursos se opõem.