A EXPERIÊNCIA DO OUTRAR-SE A PARTIR DA OBRA TERRA PAPAGALLI: a leitura literária dialógica e a escrita discente ficcional na rede privada de ensino
| Autores: Mariana Roque Lins da Silva (UFRJ - UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO) |
Resumo: As vivências no Brasil contemporâneo apontam-nos para o fato de que ainda somos marcados pelo processo colonialista. Nesse cenário, vale-nos o posicionamento de que o Brasil é um país do Sul (SANTOS, 2004), ou seja, um país que está nas franjas (FABRÍCIO, 2006), nas margens da sociedade, devido ao seu percurso histórico de dominação e privação. Assim, da reunião nada amistosa entre os colonizadores e os colonizados, entre os portugueses e os povos indígenas, entre os senhores e os escravos, entre burguesia e proletariado, entre os opressores e os oprimidos, enfim, surgimos nós, brasileiros, que vivemos no limite da “escolha” entre (re)nascer, (sobre)viver e resistir para existir. Nessa esfera, é prudente pensar que a marca da colonização sofrida pelo Brasil é ventilada, nos dias atuais, em vários processos neocolonialistas metamorfoseados na opressão e na imposição de crenças e valores. Por isso, este trabalho visa a apresentar uma experiência literária dialógica a partir da obra Terra Papagalli, de José Roberto Torero e Marcus Aurelius Pimenta, em uma escola privada do Rio de Janeiro. Tal processo de leitura teve como princípio a (des)aprendizagem e a desconstrução de verdades pré-concebidas sobre o processo de “descobrimento” do país, favorecendo a experiência discente do outrar-se (SILVA, 2015) por meio da renarração dos primeiros dias de contato entre portugueses e indígenas. Assim, a produção discente de diários ficcionais na perspectiva indígena permitiu a proposição de novos olhares sobre o processo de construção da identidade brasileira.
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