Júlia Lopes de Almeida e Maria Ribeiro partilham de algumas características comuns: foram escritoras de vanguarda no seu tempo (final do século 19), angariaram fama e respeito dos seus contemporâneos, arrancando elogios até do imortal Machado de Assis, mas foram substituídas na história da cultura nacional pelos maridos, que se tornaram célebres: o de Júlia ao ser designado patrono de uma das cadeiras da Academia Brasileira de Letras e o de Maria Ribeiro ao emprestar o nome a um dos teatros mais conhecidos do Rio de Janeiro (o Teatro João Caetano).
Personagem bastante celebrada no seu tempo dentro e fora do Brasil, Júlia Lopes de Almeida foi abolicionista, republicana, educadora e a primeira escritora do País a viver de literatura. Romancista, contista, cronista, dramaturga e autora de literatura infantil, ela produziu mais de 40 obras, algumas de inequívoco valor literário, publicadas e mesmo reeditadas em vida. Também escreveu livros didáticos e textos sobre urbanismo, além de defender a educação das mulheres e a instalação de creches na cidade. Não por acaso, sua literatura revela-se bastante engendrada.
Maria Ribeiro, por seu turno, inaugura a tradição da dramaturgia de mulheres no Brasil. Dona de farta produção teatral – 22 textos, entre comédias e dramas, a maior parte dos quais perdidos –, ela se utiliza da linguagem cênica para discutir suas ideias e reivindicações sobre a realidade social e para protestar contra o cerceamento imposto às mulheres.
Oferecer uma amostra da excelência da literatura dessas escritoras e dar notícia da publicação em meio físico e virtual de algumas de suas obras pelo Senado Federal, a fim de tirá-las da invisibilidade e de inseri-las na história literária e política brasileira, são os objetivos da presente comunicação.