O objetivo deste estudo é identificar no romance O tetraneto del-rei (1982), de Haroldo Maranhão (1927-2004), marcas do contato da escrita haroldiana com formas estilísticas lusitanas que interferiram na estrutura e no significado da narrativa do autor brasileiro, a exemplo da construção romanesca da personagem histórica de Jerônimo d’Albuquerque, administrador português que viveu no Brasil colonial, cuja formulação do perfil dessa personagem assemelha-se a do Rei D. Fernando, das crônicas de Fernão Lopes, bem como a sua atitude simboliza o primeiro contato dos portugueses com os indígenas que viviam no Brasil no período da sua chegada em terras brasileiras, cujas situações podem ser comparadas às ocorridas na Carta de Pero Vaz de Caminha, em 1500,  ao rei de Portugal D. Manuel. Com base em Lukács (2011), a obra é reconhecidamente um romance histórico, porque a sua ação principal está localizada no tempo pretérito. Contudo, a escolha de Haroldo Maranhão por personagens históricas e elementos estilísticos com o viés parodístico aproxima o romance em destaque das ficções históricas contemporâneas (ESTEVES, 2010). Pode-se afirmar que em diversas passagens do romance em estudo as escolhas estilísticas aproximam-se das obras dos referidos escritores portugueses dos séculos XV e XVI e criticam o discurso que já se conhecia sobre a chegada dos portugueses em terras brasileiras.