Ao privilegiar-se um ensino centrado na abordagem comunicativa e funcionalista das línguas estrangeiras, constatou-se, nas últimas décadas,um decréscimo no uso do texto poético nos manuais de ensino de línguas estrangeiras e a sua quase inexistência nos primeiros níveis da aprendizagem em manuais de PLE. A partir desta observação, é necessário questionar a evolução das práticas pedagógicas e das tradições relacionadas com a prática da leitura.
Sabendo que a adaptação do conteúdo e das atividades ao gosto, cultura e nível de conhecimento dos aprendentes é fundamental para o êxito da aprendizagem da leitura, será possível usar a leitura de textos poéticos como um instrumento eficaz na aprendizagem de uma língua para um público que tem pouca familiaridade com esta atividade?
Como incentivar os alunos a ler poesia e, sobretudo, a usarem a poesia como um instrumento eficaz na aprendizagem da língua e na apropriação de elementos culturais?
Centrado em experiências no ensino de PLE em Macau, a estudantes chineses, o presente trabalho tem por objetivo estudar o uso da poesia, suas potencialidades e funções no contexto do ensino do português como língua estrangeira, assim como abordar questões relacionadas com a distância que pode existir entre as expectativas de um professor e as dos seus aprendentes. Ainda que o objetivo de um seja ensinar e do outro aprender a língua estrangeira em questão, diferentes perspectivas culturais podem constituir um choque na sala aula, mas são, sem dúvida, um desafio interessante para o professor de língua estrangeira.