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| INSUBMISSAS LÁGRIMAS DE MULHERES: CONCEIÇÃO EVARISTO E A POÉTICA DE REFUGOS NO ENSINO DE LITERATURA PARA JOVENS. | Autores: Tiago Cavalcante da Silva (CPII - Colégio Pedro II) |
Resumo: Rajagopalan (2003) compreende o trabalho com a linguagem na escola a partir de uma perspectiva crítica, que busca abalar poderes tradicionalmente constituídos, potencializando as vozes de sujeitos que tiveram seu dizer silenciado ao longo de nossa história. Defendemos, assim, que o trabalho com o discurso literário na educação básica comprometa-se, também, com o que Cury (2017) define como ‘poética de refugo’, isto é, a produção artística de autores que tematizam e materializam, em literatura, a precariedade, a pobreza, a violência e as mais distintas formas de opressão a seres humanos ‘refugados’, alocados à margem dos centros de produção legitimada do saber (Appadurai, 2006). O Colégio Pedro II, nessa linha, (re)conhecido por seu histórico de resistência no cenário educacional brasileiro, vem enfrentando, desde 2016, uma série de ataques de representantes do movimento Escola Sem Partido, que acusam a instituição de ‘doutrinação ideológica’ – política, étnica e de gênero. Nesse sentido, visando a garantir um ensino de literatura como prática libertadora (Freire, 2016), buscamos trabalhar, com alunos e alunas do 9º ano do Ensino Fundamental do Campus Centro, a poética da escritora negra Conceição Evaristo, por meio da obra Insubmissas lágrimas de mulheres (2016), que tematiza e materializa as mais diferentes formas de opressão sofridas por mulheres negras no Brasil. Para tanto, exploraram-se dialogicamente (Bakhtin, 2002) os contos da obra, em rodas de leitura, sugerindo-se um trabalho de produção textual em que os educandos e educandas entrevistassem mulheres negras e ressignificassem suas narrativas em contos que pudessem rascunhar às turmas as histórias – de lágrimas e insubmissão – que constroem muitas mulheres negras brasileiras. Assim, ensejamos valorizar a produção literária afro-brasileira e pensar o ensino literatura como um lugar de resistência e de responsabilidade ética e estética com a formação de um público leitor crítico e responsivo.
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