Uma análise dos usos do verbo tomar em língua portuguesa: um caso de gramaticalização. | Autores: Lavinia Rodrigues de Jesus (UNILAB - Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira) |
Resumo: Entende-se por gramaticalização a passagem de um item lexical para um item gramatical, ou de um menos gramatical para um mais gramatical. Vinculando este trabalho ao arcabouço teórico da Gramaticalização numa abordagem funcionalista, discutimos os usos do verbo tomar como: verbo pleno, verbo estendido, expressões cristalizadas e verbo-suporte. Nos contextos em que atua como verbo pleno, o verbo tomar significa pegar; nos contextos em que atua como verbo estendido, tomar apresenta extensões de sentido; nos contextos em que atua como expressões cristalizadas, é suporte de categorias gramaticais de verbo, mas é semanticamente opaco; e nos contextos em que atua como verbo-suporte, o verbo tomar não constitui sozinho o núcleo do predicado, já que se acompanha de um sintagma nominal com o que constitui um núcleo predicativo e de que depende o sentido da construção. Como ponto de partida, elegemos amostras dos séculos XIV, XVII e XX do português brasileiro e do português europeu, retirados do Corpus do Português, Davies e Ferreira (2006). Como fundamentação teórica para o desenvolvimento deste trabalho, consideramos os autores Castilho (1997), Givón (1979), Hopper (1991), Hopper & Traugott (1993), Lehmann (1982), Martelotta (2011) e Martelotta, Votre & Cezario (1996) e Heine (1991). Evidenciamos que no século XIV, o verbo pleno é mais frequente e que nos séculos XVII e XX, começa a haver o aumento no uso de construções com verbo-suporte e declínio do uso do verbo pleno, o que indica uma possível gramaticalização.
|
|