O presente trabalho possui como objeto o discurso político na mídia televisiva, especificamente o discurso de presidentes, no programa Roda Viva, da TV Cultura. O aporte teórico-metodológico é a Análise do Discurso de orientação francesa, com base em Pêcheux (1997 [1969], 2009 [1975], 2012 [1983]) e Orlandi (2001, 2012, 2013). Nosso corpus empírico consiste em cinco entrevistas dos presidentes Fernando Henrique Cardoso (1996, 2002), Luiz Inácio Lula da Silva (2005, 2006) e Michel Temer (2016), todos em exercício da presidência, no momento em que foram entrevistados. Objetivamos compreender como, nas falas de cada político, são instituídos e deslizam sentidos para democracia. Trabalhamos, como dispositivo analítico, com as noções de imaginário e de formações imaginárias. De acordo com Pêcheux (2014 [1969], p. 81-82), “o que funciona nos processos discursivos é uma série de formações imaginárias que designam o lugar que A e B se atribuem cada um a si e ao outro, a imagem que eles fazem de seu próprio lugar e do lugar do outro”. Ademais, mobilizamos a noção de equívoco e de contradição, a primeira da ordem do inconsciente e a segunda da ordem do ideológico, ambas compreendidas como marca da fissura do sujeito e dos sentidos, no campo da linguagem.