PALAVRA DO SENHOR: UMA ANÁLISE COMPARATIVA DA LINGUAGEM DA BÍBLIA SOB A ÓTICA DA SOCIOLINGUÍSTICA VARIACIONISTA | Autores: Natan Gonçalves Teixeira (UEM - Universidade Estadual de Maringá) |
Resumo: Este trabalho tem por objetivo analisar a linguagem presente na Bíblia traduzida por João Ferreira de Almeida (versão de 1969) em relação ao uso das formas pronominais e verbais, realizando a comparação com uma versão revista e atualizada, baseada na tradução desse mesmo autor (versão de 2000, também conhecida como Nova Tradução na Linguagem de Hoje), a fim de verificar se há ou não variação em relação a esses usos de uma versão para outra. Para tanto, o trabalho ancora-se nos pressupostos da Sociolinguística Variacionista (LABOV, 2008 [1972]), na tentativa de observar e de examinar possíveis mudanças que ocorreram na modalidade escrita do português brasileiro (PB) em um período de, aproximadamente, trinta anos. Justifica-se o estudo desse tema por contribuir com os estudos de variação linguística em uma perspectiva diacrônica, além de investigar um corpus (texto bíblico) pouco explorado quanto aos aspectos linguísticos referidos, pois os textos bíblicos, em sua maioria, tendem a se preocupar com o uso de vocabulários, de expressões e de formas gramaticais extremamente vinculados ao que a Gramática Tradicional (GT) prescreve. Entretanto os resultados preliminares, atendo-se ao capítulo 7 do livro de Lucas, apontam para uma mudança expressiva quanto ao emprego dos pronomes clíticos. Enquanto a versão de 1969 apresenta 64 ocorrências, a de 2000 apresenta 24, isto é, 40 ocorrências a menos que a primeira, queda bastante significativa. Além disso, verifica-se a sobreposição das formas “você” e “vocês” (fazendo referência às segundas pessoas do discurso) às formas “tu” e “vós”, muito recorrentes na versão mais antiga. Quanto aos verbos, o que se destaca é a utilização de um léxico diferenciado. A significação, tanto na versão de 1969 quanto na de 2000, não é alterada; porém, nesta, priorizam-se formas mais atuais e com uma alta frequência de realização na língua, contrapondo-se ao que se observa naquela.
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