ARQUITETÔNICAS DE ENUNCIADOS SOBRE O GOLPE: TRILHANDO PISTAS ARGUMENTATIVAS NO SOLO DO DISCURSO ALHEIO | Autores: Simone de Jesus Padilha (UFMT - UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO) |
Resumo: Essa comunicação pretende-se como um exercício de leitura de enunciados cujo foco é o signo ideológico golpe, vinculado ao contexto sócio-histórico da política brasileira que se instaurou a partir do ano de 2016 com o processo de impeachment da então Presidenta Dilma Rousseff. Perseguindo o cyberespaço, desvelamos relações dialógicas entre enunciados em diferentes gêneros do discurso, como charges, tirinhas, postagens de blogs e redes sociais, artigos de opinião, editoriais e reportagens, buscando as múltiplas relações de sentido advindas das retomadas dos discursos alheios, em diferentes formas e estratégias enunciativas. A partir daí, redesenhamos o percurso dialógico, compreendendo as diversas arquitetônicas como pistas argumentativas que nos levam a variadas redes de sentido, e nos orientam tanto em direções convergentes quanto divergentes, e mesmo surpreendentes, refazendo e renovando o sentido do signo golpe. Aliamos à reflexão o conceito bakhtiniano pouco explorado de arquitetônica, procurando articular os objetos discursivos aos horizontes ideológicos como um todo, dentro de uma compreensão ampliada de autoria, abarcando o autor-criador, o autor-contemplador, o conteúdo, o material e a forma dos enunciados. A pesquisa inscreve-se na área dos estudos bakhtinianos, evidenciando os trabalhos de Bakhtin e o Círculo. As conclusões iniciais do exercício de compreensão ativa promovido para este pequeno conjunto de enunciados revelou uma forte tensão imbricada na dinâmica de (re)criação de sentidos, o que pode sugerir movimentos hegemônicos para determinadas agendas discursivas, de acordo com os públicos-alvo envolvidos. Além disso, a análise possibilitou entrevermos uma produtiva perspectiva teórico-metodológica para exploração de enunciados concretos ao articularmos os processos argumentativos aos da responsividade/responsibilidade, tomando como fio condutor da dialogicidade o percurso de transmissão dos discursos alheios. Esse estudo compõe o conjunto de investigações realizadas pelo Grupo de Pesquisa Relendo Bakhtin (REBAK/CNPq), do Programa de Pós-graduação em Estudos de Linguagem da Universidade Federal de Mato Grosso.
Agência de fomento: CAPES |
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