Refúgio e alteridade: questões de língua e ensino
A situação dos refugiados no Brasil e no mundo tem tomado cada vez mais espaço nas mídias sociais. Discursos diversos têm sido apresentados à sociedade que, no tocante, é convocada a responder ativamente a essa demanda. A relação com os refugiados, contudo, torna-se algo complexo por inúmeros motivos, mas o domínio da língua local é um dos grandes entraves nas relações sociais com as quais esses sujeitos discursivos precisam estabelecer.
O presente trabalho procura fazer reflexões sobre o papel do professor de língua materna no processo de acolhimento dos estrangeiros refugiados no Brasil, bem como na sua responsabilidade em atuar na sociedade como mediador no ensino contextualizado, de modo que os estrangeiros tenham suas chances de recomeço facilitadas a partir da aquisição de uma língua que é o meio propiciador do (re)conhecimento da cultura e da construção de identidades dos indivíduos.
A teoria tomada como suporte para tais reflexões tem base nos pressupostos bakhtinianos (BAKHTIN, 2010) de alteridade e ato responsável no processo do ensino de português como língua estrangeira e de acolhimento e, portanto, o ensino de PLE como ação particularizada, participação responsiva, responsável e amorosa do professor de língua.
Nesse sentido, pensamos o ensino como processo de integração, em que se pode promover a aprendizagem, o diálogo entre as diferentes culturas e, por consequência, a tolerância entre os povos (AMADO, 2011). Pensar o aluno que ganha o status de refugiado e suas necessidades primárias deve ser, portanto, o ponto de partida para o engajamento do professor de língua e para a posterior produção de sequências e materiais didáticos.