Este trabalho é resultado de pesquisa sobre modalidades do saber-poder em práticas de leitura, com ênfase nos processos de subjetivação de feirantes ambulantes, nas feiras livres de Feira de Santana. Tomando a noção de vida infame esboçada por Michel Foucault, problematizo o lugar do sujeito nas narrativas sobre feirantes, publicadas em jornais virtuais da cidade. Parto de questões centrais para caracterizar as modalidades enunciativas no corpus delimitado: Qual o lugar do sujeito feirante nas notícias; quem está autorizado a narrar sobre as vidas infames dos feirantes; quais as condições para produção de um discurso sobre os feirantes ambulantes. As narrativas noticiadas são fruto de uma leitura fraturada da realidade, que só dá visibilidade ao sujeito feirante quando este se encontra em condição de miséria e passa a existir numa narrativa. Se o feirante não interessa à sociedade, é exatamente quando sua vida é silenciada que ela passa a existir. São identificadas as linhas de força que operam sobre o sujeito e que delimitam seus processos de subjetivação As narrativas noticiadas exigem ainda uma arqueologia das condições de possibilidade para a existência de vidas infames como esta: sem visibilidade, atravessada pelas relações de saber-poder. Os resultados apontam para a produção das subjetividades silenciadas dos feirantes, que se impõem nas narrativas, como resistência a condições hegemônicas de controle da vida.