A pontuação como manifestação do outro na escrita infantil | Autores: Pascoalina Bailon de Oliveira Saleh (UEPG - Universidade Estadual de Ponta Grossa) |
Resumo: Dando continuidade a estudos anteriores voltatos aos siansi enunciativos (SALEH, 2016; 2017), este trabalho investiga o uso de sinais de pontuação sequenciais em notícias, relatos de experiência em diário e contos produzidos por uma garota, buscando verificar possíveis regularidades e especificidades quanto aos sinais de pontuação usados e ao papel que estes desempenham nos textos de cada gênero. Do ponto de vista da aquisição, os sinais de pontuação são tomados como marcas de um processo de subjetivação no qual a criança passa da posição de interpretada à de intérprete da sua escrita (DE LEMOS, 1997; 2001; BERNARDES, 2005). Quanto ao estatuto da escrita, assume-se que esta, assim como a fala, é heterogênea (CORREA, 2004; 2007) e que o modo de enunciação escrito possui sua especificidade, um ritmo próprio que é organizado pela pontuação (MESCHONNIC, 2006; CHACON, 1998), a qual, mais que segmentar o contínuo gráfico, desempenha uma função enunciativa (DAHLET, 2006). Além disso, inscrevendo-se na tradição benvenistiana, que dá relevo à (inter)subjetividade, concebe que, assim como a pontuação enunciativa, a pontuação sequencial pode se constituir como marca da presença do sujeito e do outro no texto, que é tomada como manifestação do heterogêneo constitutivo do discurso (AUTHIER-REVUZ, 2011). Assim, a pontuação na escrita infantil é considerada tanto pelo viés da relação com o dizer do outro – o adulto, os textos que a criança lê ou escuta – como da relação da criança com o outro no seu dizer e, portanto, como indício da posição ocupada pela criança no processo de aquisição da linguagem. Os resultados mostram usos da pontuação sequencial que indicam a presença do interlocutor no dizer da criança e a volta desta sobre o seu dizer, caracterizando uma posição de escuta que se relaciona à configuração do narrador e do autor
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