Antropologia linguística e a perspectiva decolonial: um encontro possível? | Autores: Renato Cabral Rezende (UNB - Universidade de Brasília) |
Resumo: O objetivo desta comunicação é apresentar uma discussão sobre possíveis pontos de aproximação entre a antropologia linguística e os estudos/perspectiva decolonial da linguagem. Mais especificamente, discutir como a perspectiva decolonial pode potencializar a pesquisa em antropologia linguística. A antropologia linguística é um campo que nasce sob o signo da busca pelo outro, o indígena, aquele que é vulnerável e/ou excluído, e que gradativamente desenvolveu interesses conceituais próprios em torno das relações entre os usos linguísticos, as formas de organização e condução das práticas sociais e as construções simbólicas de diferentes grupos humanos, o que inclui também as formas de vida não desejadas. Assim, performances verbais nas práticas sociais; rituais da vida cotidiana; gêneros ritualísticos vivenciados por atores sociais; vocalidade em/por meio de textos; entextualização, descontextualização e recontextualização de textos são conceitos e temas que a antropologia linguística desenvolveu e segue desenvolvendo com vistas a discutir e compreender as articulações entre o micro e o macro da vida social. Os estudos decoloniais, por sua vez, ao promoverem o enfrentamento da ferida colonial, obrigam o/a pesquisador/a a se reposicionar frente a sua condição e a sua pesquisa na medida em que a opção decolonial mobiliza temas como a linguagem, o corpo, raças e etnias, mobilidades dos corpos, das ideias e das concepções dos atores sociais. Busca-se, com essa discussão, uma primeira aproximação teórico-metodológica entre essas duas perspectivas sobre a linguagem e os sujeitos sociais indesejados a quem elas insistem, afortunadamente, em ouvir e vocalizar.
|
|