“Eduque-se a mulher, que haverá uma completa revolução entre ellas”. Rio de Janeiro, 1873. Violante Atabalipa Ximenes de Bivar e Velasco, brasileira, jornalista, escritora e tradutora funda o jornal literário e recreativo "O Domingo". De tiragem semanal, o periódico divulgava os acontecimentos da sociedade brasileira, especialmente no Rio de Janeiro, além de incluir colunas escritas pela própria Violante Velasco. A partir de seu terceiro volume, Violante passa a redigir a coluna "Mulheres Célebres", em que retratava figuras femininas de importância histórica e social. Com "O Domingo", Violante incitava seus leitores a repensar o papel da mulher da época, tanto no Brasil quanto no chamado "Grande Mundo", fazendo uso de fala aguçada e direta. Defensora da educação formal da mulher brasileira, o paralelo entre a realidade do país e a realidade de mulheres europeias era constantemente demonstrado, sempre enfatizando a importância das "letras" no novo papel da mulher em sociedade. Os preconceitos e as amarras da época eram, de certa forma, desafiados em seu jornal, com citações sagazes criticando os homens que "não respeitam mulheres de gênio". Ainda que sob um olhar de mulher branca em posição de privilégio, estimular, exemplificar e demonstrar o novo papel da mulher e a nova força feminina compunha o cerne da empreitada de Violante como proprietária, redatora e tradutora de seu jornal. Por meio deste estudo historiográfico, procura-se analisar o discurso usado no retrato da mulheridade no jornal de uma brasileira, tradutora e jornalista do século XIX.