Como escrever uma vida? as rasuras do eu nas obras de Frida Kahlo | Autores: Tamira Fernandes Pimenta (UFU - Universidade Federal de Uberlândia) |
Resumo: Este estudo tem por objetivo, apresentar algumas reflexões sobre o enlace entre imagem e palavra presente em O diário de Frida Kahlo, um autorretrato íntimo em algumas pinturas nas quais a escrita é constantemente atravessada por espaços insólitos que compõem as particularidades da visão que Frida Kahlo possuía de si e do mundo. A escrita no diário para Frida Kahlo e o seu trabalho pictórico foram a forma encontrada para fugir da solidão e do silêncio e se desconectar dos acontecimentos mais dolorosos de sua vida. Há nesse processo uma busca de significações; a autora embarca na liberdade criativa de poder se “servir da língua” para realizar construções como forma de estabelecer possibilidades de leitura da vida e de sua vida, valendo-se de um olhar constituído de experiências sólitas e insólitas, reais e irreais a um só tempo.Portanto, assim como Barthes explana que “ali onde a sua imagem está faltando, ali está a saída, ali está o mundo”(BARTHES, 1982, p.51), depreendemos que Frida Kahlo construiu em sua obra várias possibilidades de si e, como no jogo de espelhos, ela se apaga através das palavras como uma forma de sobreviver ao labirinto denominado vida. Desse modo, partindo de uma articulação teórica proposta em torno do conceito da escrita de si, pretendemos descortinar os elementos ficcionais presentes na escrita khaliana, bem como a ambiência fantástica que permeia sua produção configura-se como um dos fatores decisivos para analisarmos como ocorrem os processos de representação de Frida Kahlo como personagem insólita.
Agência de fomento: CAPES |
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