O presente trabalho pretende basilar a análise da inerente relação entre língua e cultura, haja vista que aquela é apontada como o sistema simbólico de maior representação cultural de um povo, como ocorre com o léxico dos moradores da zona rural de Jataí- Goiás e que habitam a região da Onça, composta por pequenos lavradores. O locus da pesquisa de campo foi a localidade supracitada, que celebra a festa de Nossa Senhora da Abadia há mais de um século. O léxico de um grupo pode ser definido como o bem imaterial que melhor o representa, por carregar seus traços socioculturais. Dessa forma, o estudo lexical se faz relevante por refletir características específicas de um grupo. Assim, este trabalho visa a analisar lexias que foram coletadas durante cinco entrevistas realizadas com os participantes da solenidade. Este estudo tem como objetivo principal propor a análise de lexias relacionadas ao festejo que foram utilizadas com uma maior frequência por homens e mulheres e as que foram comuns a ambos os gêneros, para mostrar como a língua reflete a vivência cultural da comunidade com a festividade. Utilizamos como alicerce para as observações as considerações de Biderman (2001;2010) referentes às suas análises sobre léxico, refletindo a respeito das escolhas lexicais de um grupo. Sapir (1969) acerca das suas ponderações sobre língua e ambiente. Por fim, nos valeremos das contribuições de Bosi (1992); Caldas (2007) e Malinowski (1988) sobre cultura. Os resultados que discutiremos são as lexias mais acessadas pelos narradores tanto do sexo masculino quanto do feminino, que demonstrem a experiência de ambos com a festa, para desse modo nos revelar como a língua pode refletir aspectos culturais, como o uso da lexia tirar, que significa iniciar as canções da folia, que exprime uma ação tipicamente masculina em relação ao festejo.