A presença da pornografia na literatura passa a ser considerada como categoria a partir do século XIX através de suas qualidades formais, que criam possibilidades de análise que abrangem a intencionalidade da inserção do texto pornográfico e/ou a sua funcionalidade nos gêneros literários. Desse modo, buscamos analisar de que modo a pornografia foi tomada como recurso satírico pelos jornais humorísticos e pornográficos do grande século XIX. Para compreender o contexto de produção e circulação de dos jornais pornográficos e, consequentemente, como eles se apropriaram da pornografia, é necessário realizar uma investigação por meio dos métodos propostos pela História Cultural, segundo a qual a história da leitura e da literatura só se faz se o pesquisador levar em consideração as práticas e os modos de leitura, assim como a apropriação e a representação do discurso de uma dada época, amparados em postulados teóricos da História Cultural (CERTEAU, 2006 e 2012; BOURDIEU, 2005; CHARTIER, 1991, 1997 e 2004), segundo os quais as noções de apropriação, práticas de leitura e representação da comunidade leitora, sem descartar a materialidade dos impressos. Os resultados esperados em nossa proposta apontam para a possibilidade de se perceber os discursos que constituíram os impressos de Oitocentos no cenário político, social e cultural do Brasil e como a pornografia, enquanto categoria, foi apropriada pelos editores dos impressos.