Biderman, há quase vinte anos, afirmou que "o português ainda precisa de
muitos e profundos estudos sobre a história do seu vocabulário" (Alfa, 2000,
p.28). Tal assertiva ainda procede e continua atual, sobretudo com relação ao
Português do Brasil (PB). Os dicionários gerais seriam as obras ideais para
registrar e armazenar as unidades lexicais (UL), de modo a tratarem, da forma
mais completa possível, do léxico de uma língua. No entanto, nem sempre são
capazes de contemplar aspectos importantes da descrição lexical, devido às
características de sua macro e microestrutura. Há, nesse sentido, falhas e
lacunas com relação à descrição do léxico formal. No que concerne ao
vocabulário informal, essa parcela do léxico é, muitas vezes, evitada nos
dicionários-padrão ou registrada com marcas de uso pejorativas, quando nem
sempre é o caso. O objetivo desta comunicação é apresentar como foram
organizadas a macro e a microestrutura do DICIONÁRIO DE VOCÁBULOS
TRIVIAIS DO PORTUGUÊS DO BRASIL, o DVT-PB, que é um tipo especial
de dicionário, proposto em um projeto interdisciplinar e interinstitucional,
financiado pela FAPESP – Fundação de Apoio à Pesquisa do Estado de São
Paulo (Processo 2015/16883-4). A obra trata, portanto, do léxico informal e
vernacular, essa parcela do léxico pouco estudada, denominada no projeto de
maneira mais popular de "vocábulos triviais" (VT; PARREIRA, SCHINELO,
2014) ou, numa vertente mais teórica, de "lexias de variante diafásica informal"
(LVDi), como por exemplo 'caraminguás', 'embromar', 'perrengue'. O DVT-PB
inova pelo fato de trazer uma descrição em duas vertentes: a léxico-semântica
e a histórico-discursiva da LVDi, demonstrando que há motivação sociocultural
para a manutenção dessas unidades nos discursos informais e também por
contar com um software concebido especialmente para sua elaboração, o D-TRIVIAL
(DE GRANDI, 2017).