ASPECTOS LINGUÍSTICOS NA FALA DE COMUNIDADES DO NORTE DO ESPÍRITO SANTO – RELAÇÕES ENTRE O PORTUGUÊS E LÍNGUAS ITALIANAS DE IMIGRAÇÃO | Autores: Carlos Eduardo Deoclecio (UFF - UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE) |
Resumo: O norte do Espírito Santo, assim como outras regiões do Estado, teve em sua constituição histórica, social e linguística a presença da imigração italiana. Nesse sentido, algumas comunidades se destacam, por diferentes vieses, como as localidades de Guaraná, no município de Aracruz, Demétrio Ribeiro, na cidade de João Neiva, e Pendanga, no município de Ibiraçu. Nessas comunidades, é possível identificar marcas linguísticas no português falado que costumam ser naturais do resultado do contato remoto com os falares italianos levados à região em função da imigração massiva iniciada no final do século XIX. Como exemplo disso, notoriamente entre os falantes idosos, temos (1) a realização do tepe pós-vocálico, como em corte e amargo; (2) a ocorrência da vibrante em contextos intervocálicos (representados ortograficamente por “rr”) e em início de palavra , como em carroça e rico, respectivamente; (3) a desnasalização e até mesmo a monotongação em formas como portão, coração; (4) a ausência da realização do “s” de -mos em formas como podemos, fomos; (5) elementos lexicais no campo da alimentação, principalmente. Inserida na área da Sociolinguística, em particular a do Contato Linguístico, e no campo da Política Linguística, este trabalho busca entender o sentimento de italianidade, como reconhecimento da ancestralidade dos imigrantes italianos que estiveram presentes nessas localidades. Além disso, tem por outro objetivo analisar iniciativas sociais, culturais e políticas, como a Italia Unita, em Aracruz, que têm contribuído para o fomento e a revitalização de questões ligadas à cultura e à língua italiana na região. Para apoiar nossas impressões e análises, valemo-nos do suporte teórico de Weinreich (1953), Daoust e Maurais (1987), Calvet (2002), Mello, Altenhofen e Raso (2011), entre outros autores.
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