Este trabalho propõe investigar o processo de mediação necessário ao desenvolvimento das habilidades de leitura e escrita em sujeitos em formação escolar.  Consideramos que a leitura e a escrita são fenômenos linguísticos, históricos e culturais da formação de cada indivíduo na produção do seu espaço cotidiano e só fazem sentido quando pensados a partir do contexto social e cultural dos indivíduos (GEE, 1998; STREET, 2014). No Brasil, historicamente o acesso à escola e por consequência a leitura se constituiu enquanto privilégio de classe, marginalizando e negando o acesso à escola e ao conhecimento produzindo e nessa instituição.  Assim, estimular o hábito da leitura e da escrita é fundamental para o desenvolvimento social, político e crítico do cidadão como forma de superação das diferenças de classe, em um pais marcado pela segregação e exploração política e econômica da classe trabalhadora. Nesse sentido, é necessário que a escola por meio de todos os componentes curriculares desenvolva o processo de leitura e escrita, para que o aluno torne-se leitor crítico de sua realidade, permitindo-lhe mecanismos cognitivos e linguísticos de intervenção em seu contexto cotidiano usando de múltiplas linguagem, indo além de um modelo “autônomo” de letramento, aproximando-se de um modelo “ideológico” (STREET, 2003). Metodologicamente, o trabalho ocorreu com alunos de 9º ano do ensino fundamental da Escola Municipal Senador Duarte Filho. O projeto de leitura e escrita denominado Leitores do Mundo partiu da série Harry Potter, da escritora J.K. Rowling. Os alunos foram estimulados a relacionar os acontecimentos ficcionais com suas realidades. A cada livro ocorria a culminância com uma roda de conversa em sala temática e registro das impressões individuais em seus diários de leitura. Acreditamos que a experiência desenvolvida proporcionou um aprofundamento das habilidades de leitura e escrita de modo a compreender o contexto social em que cada aluno está inserido.