A comunicação apresenta breves considerações sobre a relevância da elaboração de edições e estudo linguístico de textos históricos que fazem relativos à escravidão e  revoltas escravas na Bahia do século XIX, a partir de manuscritos de tipologias documentais diversificadas constantes em instituições arquivísticas, nacionais e estrangeiras. A historiografia nos revela que a Bahia foi palco de confrontos, combates e movimentos de resistência que marcaram a história do nosso país. A referência a esses contextos históricos do período em foco perdem seu sentido quando considerados isoladamente, sem relação com os fenômenos socioculturais e políticos que os definem. Assim, partindo da materialidade dos textos e dos discursos, é necessário atentar para as formas e condições de produção e os usos linguísticos e sociais da escrita de forma mais ampla e reflexiva, visto que a documentação histórica, presente em acervos registra variados modos de confrontos pelos diversos segmentos sociais. Para tanto, serão desenvolvidas discussões e análises sobre a organização de produtos editoriais, dando destaque à relevância da constituição de corpora de textos históricos, para o desenvolvimento de estudos filológico-linguísticos, a partir da articulação dialógica da Filologia (PONS RODRÍGUEZ, 2006; GUZMÁN GUERRA, TEJADA CALLER, 2000) com a Lexicografia (HAENSCH, 1982; BARBOSA, 2001; BARROS, ISQUERDO, 2010). Nesse viés, a edição de textos para estudos de cunho linguístico permite a seleção, a descrição e a análise do léxico temático, com o objetivo de compor glossários e vocabulários, mostrando diferentes compreensões linguísticas e discursivas sobre o componente lexical, que se apresenta dinâmico e mutante, ao mesmo tempo em que disponibiliza aos pesquisadores e ao público em geral dados importantes sobre narrativas históricas baianas e luso-brasileiras, registradas nesses documentos que tematizam a violência institucional em contextos político-sociais de escravidão e revoltas comuns na história dos grupos sociais.