ENTRE O REAL E O FICCIONAL DE LOUISE LABÉ

Emília Mendes

(FALE/UFMG)

emilia.mendes63@gmail.com

O objetivo de nosso trabalho é pensar a relação entre literatura e história pelo viés da ficcionalidade e da factualidade, conforme temos trabalhado desde Mendes (2000, 2004). A problemática que nos interessa é a relação da História - um discurso pretensamente factual - com o discurso literário, que em muitos casos estaria no campo da ficcionalidade, para a concepção de uma história das mulheres escritoras. Para o evento em questão, propomos uma análise sobre algumas partes da obra da francesa Louise Labé (1524-1566), quais sejam: a carta a uma jovem lionesa (À Senhorita Clémence de Bourges Lionesa (1555)) e o soneto XVIII, dentre alguns outros entre os 24 publicados. Na missiva, a escritora discorre sobre o que é ser mulher em seu tempo e quais eram as suas expectativas em relação ao seu mundo; já nos sonetos, temos um erotismo que historicamente, como sabemos a partir de pesquisas de teóricos como Duby et Perrot, Histoire des femmes en occident ([1990]2002), não eram muito usuais para a mulheres, como o até então inédito beijo de língua renascentista abordado por Labé. Assim sendo, a partir de análises atuais como a História das Mulheres no Ocidente, estudaremos como a autora empreende um jogo que se torna ambíguo, podendo transitar entre o factual e o ficcional que habitam o discurso literário. Vale dizer também que há uma corrente que questiona a própria identidade feminina de Labé, o que também trataremos por ser relevante para a proposta.

Palavras-chave: Louise Labé; literatura; história; factualidade; ficcionalidade.