Esta pesquisa propõe descrever e analisar a funcionalidade da construção [x-eiro/a], no Português Brasileiro (PB), tendo por base teorias de língua em uso, especialmente a Gramática de Construções. Este trabalho objetiva também colaborar com os estudos descritivos do Português Brasileiro (PB), uma vez que, as abordagens apontadas nos estudos tradicionais possivelmente não fornecem, de forma satisfatória, a sistematização dessa construção, bem como a sua alta produtividade em uma rede. Ainda objetiva investigar a produtividade da construção x-eiro/-eira (base lexical + sufixo) em perspectiva construcional, apontando as suas diferentes significações a partir de estruturas instanciadas no uso linguístico, bem como a sua organização em rede. Os pressupostos teóricos que subsidiam a pesquisa são advindos da Linguística Funcional Centrada no Uso (LFCU) e da Gramática de Construções porque consideram que a língua se realiza no uso e que a sua organização interna é moldada pelas condições contextuais, sociais, culturais e históricas do falante, ou seja, marcada por práticas comunicativas de uma comunidade linguística. São utilizados os pressupostos teóricos Croft (2001), Furtado da Cunha, Oliveira e Martelotta (2015), Givón (2001), Goldberg (1995, 2006), Gonçalves (2016), Langacker (2013), Neves (2014), Tomasello (2008), Traugott e Trousdale (2013). A partir desses aportes teóricos, é possível postular que a estrutura da língua é forjada na experiência, tanto histórica quanto cotidiana, e que deriva também de processos cognitivos. São usados os dados do Corpus do Português para estudos diacrônicos e o Corpus da Fala Goiana para estudos de aspectos sincrônicos, estes possuem uma base de dados significativa capaz de promover análises que cumpram os objetivos desta pesquisa, colaborando para o conhecimento da gramática do PB. Os resultados iniciais apontam as diferentes acepções semânticas concernentes a esse morfema, bem como, novos empregos (morfológicos e semânticos) do morfema -eiro/-eira.