O presente trabalho evidencia a discussão sobre o jogo discursivo entre o autor e o leitor nas produções escritas por estudantes de 6º ano nos diários de leituras produzidos em sala de aula de Língua Portuguesa. O propósito da pesquisa é investigar como os estudantes se constituem autores de seus dizeres ao escreverem em seus diários de leituras. A noção de autoria aqui discutida parte dos pressupostos de teóricos como Bakhtin (2003; 2004), Orlandi (1996), Tfouni (2001), entre outros e está relacionada a um posicionamento do sujeito que, ao assumir responsabilidade, no sentido bakhtiniano, deixa nele seus pontos de vista, ideologias, crenças e valores. Esta investigação está metodologicamente inserida numa abordagem qualitativa, de caráter interpretativista e tem como corpus de análise dez produções escritas nos diários de leituras adotados pelos estudantes no período letivo de uma escola púbica. Objetivamos na pesquisa analisar as produções escritas dos alunos, realizadas em ambiente escolar, visando identificar as marcas ou indícios de autoria e investigar como se posicionam os autores dos textos que, ao assumirem essa função, acabam por evidenciar suas posições de autor e leitor. Adotamos um conceito de linguagem a partir de concepções bakhitinianas e entendemos o texto numa visão Geraldiana. As análises realizadas nos diários de leituras mostraram que há um forte jogo discursivo entre o leitor e o produtor de textos. A presença marcante de vozes do leitor e autor, seja de forma implícita e/ou explícita, demostram o quão forte é essa relação. Concluímos, portanto, que os alunos se constituíram como sujeitos-autores de seus textos a partir de práticas de leituras de outros textos, bem como de seus próprios textos.