O desejo pela língua estrangeira: o gozo em (con)fundir-se com/no outro | Autores: Renan Kenji Sales Hayashi (UNICAMP - Universidade Estadual de Campinas) |
Resumo: O presente estudo analisa as relações entre língua-cultura japonesa e representações de si e do outro em um contexto de formação de professores de japonês como língua estrangeira. Conduzimos uma investigação com participantes que frequentaram um curso de licenciatura em língua japonesa de uma universidade pública no Distrito Federal. Ao longo da pesquisa, nosso foco primou por compreender que tipo de representações de língua materna/estrangeira os participantes tinham, considerando como pano de fundo a relação entre língua portuguesa do Brasil e a língua japonesa. Destarte, objetivamos entender de que maneira essas representações de línguas-culturas poderiam refletir nas noções de identidade dos participantes, bem como em suas representações do que é ser um professor de japonês. Embora existam pesquisas sobre os processos de construção de identidades de professores de japonês no Brasil, nenhum desses trabalhos aborda a questão a partir de uma perspectiva discursivo-desconstrutiva, a qual é adotada no presente estudo. Interessa-nos aqui a relação das representações de si postas em relevo com as representações de línguas-culturas e de professor de japonês nesse contexto de ser-estar entre línguas-culturas (CORACINI, 2007). À vista disso, conduzimos uma pesquisa interpretativista gerando corpus a partir de entrevistas semiestruturadas e questionários escritos mistos. Resultados preliminares apontam que o fator familiar/imigratório japonês é uma variável que dificulta a identificação dos participantes do que vem a ser língua materna e/ou língua estrangeira, uma vez que a língua-cultura apre(e)ndida em contextos familiares é contrastada com línguas-culturas atreladas a contextos de aprendizagem formal. Além disso, nosso gesto de leitura ancorado nos pressupostos psicanalíticos, concluímos que os momentos de identificação que os professores têm com a língua-cultura japonesa são atravessados pela ordem do desejo, na qual o intento por lecionar o japonês encontra eco em um desejo em ser o outro, em confundir-se nele para, mestre dessa língua, gozar como gozam os outros.
Agência de fomento: CAPES |
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