Fake news e esquecimento da verdade | Autores: Teresa Cristina da Costa Neves (UFJF - Universidade Federal de Juiz de Fora) |
Resumo: No contexto da polêmica em torno da disseminação das fake news, propõe-se uma investigação sobre o desvelamento de um sentido de verdade esquecido pela tradição da metafísica ocidental. A hipótese do estudo é a de que, nos novos ecossistemas informativos, reticulares e conectivos, a informação jornalística, tal como se constituiu, alcança os limites de sua ambição à “verdade objetiva”, tornando-se incapaz de silenciar os apagamentos e as interdições que sempre a constituíram. Parte-se de um possível étimo de fake, o verbo alemão fagen, que, embora em uso coloquial signifique “desfalcar” ou “saquear”, em stricto sensu traduz-se por “polir”, “lustrar” e também por “renovar” ou “restaurar”. A sensação de onipresença do fake, de um lado, e os esforços para salvaguardar a confiança na informação de cunho jornalístico, de outro, sugerem que, rompida a lógica hierárquica emissor-receptor da comunicação de massa, a “verdade factual” do jornalismo cede seu protagonismo à informação permanentemente in progress, cuja verdade só pode se manifestar por meio da confrontação e da disputa com a não-verdade dos rumores, das fofocas e das narrativas falsas. A investigação terá como principais fundamentos teóricos as concepções de “ecologias comunicativas” e “arquiteturas informativas”, de Massimo Di Felice e os princípios de “verdade como adequação” e “verdade como desvelamento”, de Martin Heidegger.
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