A pesquisa investiga o uso da vírgula mobilizado por alunos de escola pública, ingressantes no curso ProFIS–Unicamp de 2016 e 2017, na segunda avaliação da disciplina LA083. O intuito é identificar e analisar as ocorrências e não-ocorrências desse fenômeno linguístico especificamente por:(i)sua complexidade em atuar no entrecruzamento entre enunciados escritos e falados; e(ii)ser considerado um aspecto-chave para observar e analisar a organização de textos. Refletindo o papel que esta escrita possui para estes recém-universitários, após dois meses de curso, analisou-se a segunda prova por ser um texto argumentativo, em que os alunos devem produzir quatro argumentos para atender à questão pedida na avaliação, articulando-se às exigências textuais, sintáticas e discursivas-acadêmicas ensinadas no curso. Apoiando-se nos estudos sobre usos da vírgula (Socin e Tenani,2008), Escrita Heterogênea (Correa,1997) e das categorias de análises das Dimensões da Linguagem (Chacon,1998), 240 textos foram analisados formando o corpus de pesquisa (120 de 2016 e 120 de 2017). Para a análise documental quantitativa e qualitativa, utilizou-se amostras de textos escaneadas e/ou digitadas do banco de textos do ProFIS, não revelando a autoria do material utilizado e nenhuma informação que pudesse identificá-la (usos de fac-símile ou de identificação pela caligrafia e outras marcas de natureza gráfica), conforme princípios estabelecidos à pesquisa no campo aplicado dos estudos da linguagem (cf.Celani,2005;Knobel e Lankshear,2008). Usou-se também um software de análise qualitativa para mapear as ocorrências da vírgula dentre o corpus selecionado, quantificando tais aparições textuais. Resultados mostraram que:(i)a estrutura sintática ensinada no curso pode ser uma causa da ocorrência observada no emprego da vírgula, por ser uma marca lingüística atuante na relação organizacional do texto acadêmico; e(ii)o emprego de vírgulas, por lidar com diferentes dimensões da linguagem, pode ser considerada instável quanto à norma, pois seu uso é heterôgeneo pelos alunos, levando à sua não-ocorrência em diversas instâncias textuais.