Esta comunicação tem por objetivo abordar conceito de “dupla consciência”, que servirá de construto teórico para analisar a poesia do poeta canadense George Elliott Clarke,  com base na obra seminal de W. E. B. Du Bois (1903) de As almas da gente negra [The souls of black folk]. Além de ter sido um dos precursores do movimento negro norte-americano, Du Bois foi um militante preocupado com a construção da consciência de identidade que tinha o sujeito negro, materializado no conceito de “dupla consciência” ou na noção de um eu dividido. O sociólogo e historiador explora nesta obra seminal como os negros se veem de duas formas tanto como seres individuais, tanto como seres integrantes de um grupo, mas só através dos olhos da sociedade. Essa dupla consciência possibilita ao ser negro ter duas almas, dois pensamentos, dois conflitos irreconciliáveis, dois ideais hostis num só corpo. Por um lado, lutando para serem classificados como individuais, com personalidades diferentes, mas os outros como um grupo com desafios sociais iguais.  O sentimento de ser um estranho, “o outro”, de ser identificado sempre como um estrangeiro no seu próprio país, num país onde impera a lei da barreira racial. Essa situação de emparademento tão dramaticamente exposta por Cruz e Sousa, que de certo modo ecoa em sua obra.