A infância nas paisagens do poema Shimani, de Noémia de Sousa | Autores: Sandra Fonseca Pinto (UPF - Universidade de Passo Fundo) |
Resumo: Esta pesquisa propõe-se a analisar a constituição das paisagens no poema Shimani, de Noémia de Sousa, para apontar a percepção do eu lírico como experiência de mundo. O objetivo é demonstrar como as paisagens percebidas pelo eu lírico expressam, a partir da nostalgia, a percepção do seu ser-em-si e o seu ser-no-mundo, por meio da topofilia. Concebe-se que o sujeito apreende as paisagens por meio da fenomenologia, construindo um pensamento-paisagem, que leva à cena no poema. A topofilia refere-se à relação afetiva entre o sujeito e o espaço físico, refletida na experiência pessoal, um sentimento afetivo pelo lugar familiar. O mundo é meio natural e o campo de todos os pensamentos e das percepções do sujeito fenomenológico: O mundo existe nele porque ele existe no mundo. Esta investigação utiliza aportes teóricos de Collot (2010, 2013) e Merleau-Ponty (1999, 2007), sobre a fenomenologia da paisagem e da percepção, Starobinski (1966), Jankélévitch (1974) e Vecchi (2017), sobre o conceito de nostalgia, e Tuan (1980, 1983), sobre a noção de espaço, lugar e topofilia O corpus de análise é um poema intitulado Shimani, da poeta moçambicana Noémia de Sousa. Essa escolha se deu pela forte presença da topofilia nas paisagens percebidas pelo eu lírico e da nostalgia ao mundo percebido. Para se alcançar o objetivo esperado, serão apresentadas as paisagens de cada estrofe do poema, bem como os elementos que configuram a topofilia e a percepção de mundo presentes nos versos, que compõem a nostalgia do sujeito lírico. Os resultados apontam para a percepção fenomenológica de um eu lírico que se sente nostalgia pela infância e a vontade de retornar a esse tempo.
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