O debate deriva/contato na história do português brasileiro | Autores: Janderson Luiz Lemos de Souza (UNIFESP - Universidade Federal de São Paulo) |
Resumo: Esta comunicação exibe o título de um projeto de pesquisa em que proponho a retomada do debate sobre o predomínio da deriva ou do contato na história do português brasileiro, tendo em vista demonstrar que deriva e contato são conceitos ora postos em dicotomia, ora levados em conta para alimentar outro debate, acerca da ocorrência ou não de crioulização (cf. Pagotto, 2007). A primeira discussão leva a perder de vista o caráter relativista do conceito de deriva, de modo que, a prevalecer a tese da deriva, o contato entre duas ou mais línguas seria o contato entre dois ou mais produtos da deriva, somada uma deriva híbrida superveniente impossível sem o contato. A segunda discussão conduz à associação dos conceitos a um processo de domínio específico, a crioulização. Ambas pressupõem a separação entre história interna e história externa (cf. Negrão & Viotti, 2012), que, por sua vez, remete à separação entre dicionário e enciclopédia. A retomada nos termos aqui propostos visa a evitar os impasses criados pelas duas discussões, que formam agendas de pesquisa, para viabilizar uma nova agenda, que permita rever os conceitos em consonância com os fundamentos da linguística cognitiva. Para isso, situo o debate numa linguística cognitiva do contato (cf. Noël, 2015), resgato as versões de relativismo mais claramente expostas na história da linguística cognitiva (cf. Lakoff, 1987; Langacker, 1994), identifico como principal afinidade entre a linguística cognitiva do contato e a sociolinguística cognitiva a compatibilização entre o caráter situado e o caráter distribuído da cognição (cf. Langacker, 1994; Soares da Silva, 2009) e defendo que deriva e contato sejam associados a processos de domínio geral (cf. Langacker, 2008; Bybee, 2010), o que faz com que se deixe de pensar em línguas em contato e se passe a pensar em cognições em contato.
|
|